terça-feira, 29 de junho de 2010

A EDUCAÇÃO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOB OS OLHARES DE CLIO

“As leis não bastam, os lírios não nascem das leis.”
Carlos Drummond de Andrade


Desde a Grécia Antiga, quando emerge da mitologia, Clio a jovem “proclamadora” Musa da História tem a tarefa de registrar com seu estilete da escrita todas as ações e fazeres dos homens e mulheres. Percebo que ao longo de sua produção, essa Deusa, consegue fazer com que os seres humanos voltem-se para os seus feitos e possam questioná-los, revisitá-los e torná-los vivos novamente graças aos seus registros e a valiosa contribuição de sua mãe Mnemósine, a memória.

Pode-se até pensar que Clio não consiga ter o domínio de todas as produções humanas, mas quando menos se espera, surgem do baú dos esquecidos novas abordagens que acabam por revelar ações e vozes que pensavam-se estarem excluídas do seu olhar. É por essa razão que esse ofício foi destinado a uma Deusa, uma vez que, está nos mortais a formulação de questionamentos que os angustiam e que fazem com que Clio revele suas multifacetadas versões.

Meu propósito em invocar a Musa da História é para que através de sua contribuição eu possa estabelecer relações entre a Educação e a Legislação. Vindo, dessa forma, construir uma retrospectiva histórica da Educação nas Constituições Brasileiras.

Assim, Clio estabelece um contato com Themis (a Deusa da Justiça) e me faz compreender que um texto constitucional representa a institucionalização de um conjunto de normas básicas. Criando uma nova ordem ao Estado, que nada mais é que o povo politicamente organizado nas esferas tanto jurídica e política, como também, econômica, social e cultural.

Ao analisar os escritos dessa Musa, aprendo e constato que o Brasil já possuiu inúmeras constituições e várias emendas que fizeram com que se alterasse esta lei, considerada máxima do Estado. A primeira Constituição em 1824 nasceu dos anseios e reclamações da população, sendo conseqüência da Independência do Brasil em 1822.

Essa Constituição outorgada pelo imperador D. Pedro I, é considerada por muitos discípulos de Clio como inovadora para a época, pois abarcava muitos avanços se comparada com outras da Europa no mesmo período. A educação aparecia no texto legal preceituando que a instrução primária deveria ser gratuita, beneficiando a todos os cidadãos. Ela previa também a existência de colégios e universidades onde seriam ensinados elementos das letras, belas artes e ciências, ficando em vigor por 67 anos.

A que lhe segue é resultado da Proclamação da República em 1889, onde em 1891 entra em vigor sendo caracterizada como democrática e liberal, mas no campo educacional pouco foi alterado ou acrescentado da anterior. Ela vigorou por 43 anos e não avançou em relação aos direitos sociais.

Diante dos contextos que a tela elaborada por Clio nos apresenta durante a década de 30 é que surge a Constituição de 1934, considerada por muitos autores como a mais liberal de todos os textos legais. Ela trouxe consigo grandes avanços no campo educacional, incorporando as teorias discutidas por intelectuais e educadores da época.

É importante ressaltar que foi a primeira vez que apareceu em um texto constitucional a intenção e a preocupação de se fixar diretrizes para a educação. Com ela começou a conscientização da importância das Políticas Educacionais, bem como, conferiu caráter obrigatório ao ensino primário e à sua gratuidade. Criou-se o Conselho Estadual de Educação, que tinha as mesmas funções do Conselho Nacional de Educação, propôs-se a organização dos sistemas educacionais e a captação de recursos oriundos de impostos para o financiamento da educação.

Mas a História é moldada de construções e desconstruções e na maioria das vezes nos faz parecer que estamos retrocedendo em certos pontos. Essa idéia foi defendida por muitos com a promulgação da Constituição de 1937. Com as articulações de Vargas em seu “golpe de Estado”, esse novo texto traduziu o seu caráter ditatorial em muitos aspectos, como por exemplo o tratamento dado à educação puramente restrito. Ficava preservada a gratuidade do ensino primário, mas era necessário pagar-se uma taxa mensal por parte da população considerada com maiores condições, sendo que a mesma era destinada à caixa escolar. Esse texto também não contemplava o direito à obrigatoriedade do ensino para todos os cidadãos.

Influenciada pela onda pós segunda guerra mundial (1939-1945), a Constituição de 1946 inspirou-se nos princípios democráticos da anteriormente citada Constituição de 1934, vindo a garantir a liberdade de pensamento, direitos e garantias aos cidadãos. Outro grande passo foi a consagração do ensino primário obrigatório e gratuito, sem falar nas percentagens arrecadadas das receitas fiscais como nunca menos de 10% da União e nunca menos de 20% dos estados, municípios e Distrito Federal.

A Constituição de 1946 teve um elemento crucial que foi o retorno da União à legislação nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional, fato este que vem consolidar a futura elaboração da LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), onde foi aprovada em 1961 através da Lei nº 4.024/61.

É fato dentro da evolução histórica registrada por Clio, que cada governo ou ideologia político-partidária vai conduzir do seu modo as diretrizes que norteiam a vida da população, todos de acordo com os seus interesses para a legitimação de seu poder. O texto constitucional de 1967 foi promulgado em meio a protestos, tensões, desrespeito a direitos básicos e embates políticos, uma vez que nesse período, a tortura, a censura e a perseguição tornaram-se comuns e banais. Deixando esse período histórico marcado pelo autoritarismo na história brasileira.

Para a educação essa Constituição estendeu a obrigatoriedade do ensino primário dos 7 aos 14 anos de idade, deixando de fora os percentuais mínimos a serem investidos na educação. Foi dentro da áurea ditatorial que surgiu a Ementa Constitucional nº 1 (defendida por muitos estudiosos como sendo a sétima constituição brasileira), por ter alterado bastante o texto constitucional que se refere a educação. Foi uma época conturbada e bastante difícil para a maioria dos professores que eram vigiados, investigados e até torturados e mortos devido a forma ou idéia que demonstravam ao repassar os conteúdos, sendo que foi muito afetada a área das ciências humanas.

Com o processo de abertura e redemocratização nos anos 1980, a Constituição de 88, consagrou alguns direitos inalienáveis e registrou avanços legais para os brasileiros de um modo geral. Só que muito de seus princípios tiveram que ser regulamentados por leis posteriores, como é o caso da educação com a LDBEN – Lei Nº. 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Ficando expresso isso, no texto constitucional, em seu capítulo III, seção I, artigos 205 a 214.

Esta Carta Magna é considerada como a mais liberal e democrática que nosso País já possuiu, ao longo dos registros de Clio, trazendo muitos avanços em relação às anteriores. Ela expressa que a educação é um direito de todos e dever da família e do Estado, sendo prioritária a seguridade para crianças e adolescentes, vindo a ser promovida e incentivada a colaboração da sociedade na busca do desenvolvimento pleno do cidadão.

No corpo de sua escrita, no que tange “Da Educação, da Cultura e do Desporto”, preceitua a garantia do Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito. Como também, estende para aqueles que não tiveram acesso na idade própria esses mesmos preceitos, demonstrando um caráter mais inclusivo e fazendo-se contextualizar pela realidade social.

Um exemplo das muitas Emendas, que posteriormente auxiliaram na complementação da redação, destaco a Emenda Constitucional nº 53, de 2006. Onde cita a garantia da Educação Infantil, em creche e pré-escola, para crianças de até 5 anos de idade. Isso alavancou ainda mais a necessidade de se pensar na infância e a importância do cuidado com a formação da primeira etapa da educação básica. Essa Emenda cria o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e também amplia a idade para o ingresso no primeiro ano do Ensino Fundamental, que antes era de sete anos, passando a ser para seis anos de idade, bem como, a duração de oito para nove anos de estudo no Ensino Fundamental.

São inúmeras as possibilidades de exploração que essa Constituição nos traz, como também, todas as complementações que foram sendo feitas com o passar da existência de Clio. O interessante é não pensarmos a Educação desassociada deste contexto histórico de lutas, avanços e retrocessos.

Pois o hoje pauta-se no ontem, na experiência, na transformação, ou na perpetuação deste e pensar os processos educativos é pensar em todo o arcabouço político que o sustenta, analisando-o a luz das Teorias da Educação em relação com os elementos tricotados por Clio, nessa nossa grande colcha de retalhos multifacetados.

Referências Consultadas:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1988.

DIDIO, Renato Alberto Teodoro. Contribuição à sistematização do direito educacional. São Paulo: Universitária, 1982.

LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005.

MOTTA, Elias de Oliveira. Direito educacional e educação no século XXI: incluindo comentários à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Legislação Conexa e Complementar. Brasília: UNESCO, 1997.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A MÁGICA VIAGEM DO PROCESSO AVALIATIVO

Em nossa vida realizamos inúmeras viagens, onde conhecemos lugares, pessoas e coisas diferentes. Também realizamos viagens sem precisar nos deslocar, como quando lemos um bom livro, navegamos na internet, assistimos a um filme, sonhamos, ou planejamos futuras ações.

Hoje pretendemos realizar uma viagem com você. É, com você mesmo! Você que é educador, aluno, ou talvez, simplesmente seja um defensor dos processos de melhoria da nossa educação e que fomente esse debate, assim como quem coloca lenha em uma fogueira.

Antes de embarcar, gostaríamos que você despertasse a Deusa Mnemósine que há dentro de você, relembrando sua própria vivência escolar. Deixe aflorar a primeira coisa que vem a sua mente, quando falamos de escola e processo de ensino e aprendizagem.

Para alguns, talvez se fortaleça a imagem de uma professora ou professor que marcou sua vida, tanto de maneira positiva, como negativa. Outros se lembrarão de atividades realizadas, de provas, trabalhos, colegas e amigos. Enfim, cada um tem sua própria historicidade e o que propomos é justamente usá-la para enriquecer ainda mais a nossa mágica viagem que se inicia.

Estamos em uma Estação a espera do embarque, onde ao mesmo tempo é ponto de chegada e de partida. Essa Estação é a do Início do Ano Letivo, onde viajaremos por longos e desafiadores percursos, muitas vezes fazendo algumas paradas obrigatórias e revisitando alguns pontos.

Em meio a ansiedade, pessoas diferentes e busca por coisas novas, eis que ouvimos o apito do trem. Sua locomotiva radiante parece que saiu de uma das muitas histórias da literatura, com sua fumaça perfumada e com a capacidade de estimular o saber. Pena que, nem para todos, essa visão seja tão motivadora e bela.

Com bonitas e trabalhadas letras douradas está gravado na cabine da locomotiva: Processo Avaliativo. Esse é o nome dela, que conduz uma imensidão de vagões, cada um com suas especificidades, indo desde vagões de conhecimentos, habilidades, informações, valores de vida, bagagens de vivências... Não teríamos como mencionar todos aqui!

Há uma pessoa que acompanha esse trem, é o Ferroviário de Manutenção, ou seja, um mecânico que vai cuidando das conexões entre os vagões, a quantidade de carga em cada um deles e mantendo que a engrenagem do sistema funcione corretamente. Essa pessoa em outros espaços e contextos também é conhecida como professor.

Mas o engraçado é que não é ele que vai comandando a locomotiva. Como já mencionamos, ele vem dando suporte e orientação. A locomotiva vem vazia, que estranho! Na verdade, há alguém na Estação esperando para comandá-la e essa pessoa é o Ferroviário Condutor, popularmente conhecido como Maquinista e no contexto educacional em questão, trata-se do aluno.

Bom, agora estamos com tudo preparado para darmos a partida. É hora de começar a conhecer toda a amplitude que o termo avaliação possui. Devemos lembrar que avaliar é um procedimento didático que acompanha os processos de ensino e aprendizagem, ele não é rápido e estanque, ele estende-se por um longo caminho tendo em vista múltiplos fatores de apoio. Sendo reflexos não somente de instrumentos avaliativos (provas, testes e trabalhos), ou registros de avaliação (boletins, pareceres, notas), mas também abarcando para si, valores morais, visões de mundo e diversas concepções, como as de ser humano, sociedade e da própria educação (HOFFMANN, 2005, p.13).

Muita coisa vai sendo transformada, compartilhada e aglutinada no percurso dessa jornada, a qual pode-se dizer que é uma ação em três distintos tempos. É característica de todo processo avaliativo observar, analisar, compreender as estratégicas de aprendizagem e tomar decisões que auxiliem no bom andamento da viagem. Segundo HOFFMANN (2005, p. 17), “avaliar é agir com base na compreensão do outro, para se entender que ela nutre de forma vigorosa todo o trabalho educativo.” A autora ainda coloca que sem uma reflexão crítica e séria sobre a prática, tendo consciência da importância da ética para o processo, acabamos nos perdendo do caminho. Pegamos desvios que atrapalham e atrasam a viagem, isso faz com falte combustível e aumente os trilhos para o alcance dos objetivos.

Portanto, temos que ter noção da necessidade de respeitar e compreender cada tempo desse passeio. Começamos com a admiração, com o tempo de admirar-se com tudo o que esse maquinista consegue nos surpreender e encantar, no conduzir desse trem. Depois passamos para o tempo de reflexão sobre todas as possibilidades e maneiras que se procede a nossa viagem, descrevendo as etapas percorridas e todas as paradas realizadas. E por último o tempo da reconstrução das práticas avaliativas, vindo emergir a necessidade do porquê avaliar. Sendo importantíssimo o preparo e a qualificação profissional por parte dos ferroviários de manutenção, ou seja, os professores, nesse tempo, precisam ter clareza e conhecimento sobre pressupostos teóricos acerca da avaliação em confronto com a sua aplicabilidade na prática, em relação aos diferentes contextos sociais.

Assim, nossa viagem vai chegando ao fim, passando por desafios alcançáveis, gradativos e que exigem, cada vez mais, a construção de habilidades e competências frente o conhecimento, tanto por parte dos alunos, como dos professores também. Chegamos na Estação do Fim do Ano Letivo, com a esperança que esse passeio tenha sido prazeroso, significativo e realmente construtivo no que tange as propostas de um processo avaliativo consciente, ético e comprometido com a construção cidadã para uma educação melhor, uma vida melhor, um mundo melhor!

REFERÊNCIAS:

HOFFMANN, Jussara. O Jogo do Contrário em Avaliação. Porto Alegre: Mediação, 2005.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

NIKOLAI E OS QUESTIONAMENTOS À GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Rodrigo Neres de Morais


“Querer saber - o que parece tão difícil - se não é errado, entre tantos seres vivos que praticam a violência, ser o único ou um dos poucos não violentos, não é diferente de querer saber se seria possível ser sóbrio entre tantos embriagados, e se não seria melhor que todos começassem logo a beber.”
(Leon Tolstoi)


Olá! Prazer, meu nome é Nikolai. Sou um menino muito curioso, gosto de questionar, para tentar entender um pouquinho mais as coisas que as vezes me parecem embasadas. Talvez pelo próprio vapor da dúvida, assim como o espelho do banheiro após um bom banho quente.

Na minha vida não almejo muita coisa, tenho um simples desejo, que é constante e latente em meu coração: quero ser uma boa pessoa. Mesmo, nem sempre, sabendo a melhor maneira de fazer isso.

Para traçar um caminho a seguir, rumo ao encontro de minha felicidade, conquistando meus objetivos é que, depois de muito pensar, planejei três perguntas com o intuito de que as suas respostas me auxiliassem nessa tarefa. Já questionei muita gente e muitas coisas também. Comecei com os meus amigos mais próximos e fui estendendo para outras pessoas, suas maneiras de pensar e agir, ideologias, instituições, fatos sócio-históricos, normas e conveniências. Como pode perceber, incomodei e mexi com as estruturas de muitos seres.

Recentemente meu olhar recaiu sobre algo que vem ganhando evidência na literatura educacional e que segundo a escritora Heloísa Lück (2006, p.33), foi a partir da década de 1990 que esse tema se intensificou e “vem-se constituindo em um conceito comum no discurso de orientação das ações de sistemas de ensino e de escolas.” Você tem idéia do que seja? Se prestou atenção ao título, com certeza já matou a charada.

Primeiro, com base em meus estudos e da ajuda especializada de amigos como MORIN, KUHN, e a já citada LÜCK , entendi que o conceito de Gestão busca um novo entendimento que extrapola a simples noção de ordenamento de uma instituição, fazendo com que haja conexões entre as partes e setores que formam o todo, sendo as mesmas vistas e entendidas como importantes para o sucesso dos processos.

Descobri que durante um bom tempo esse ordenamento estava relacionado à Teoria da Administração e que esta buscava a excelência da produção e serviços prestados. Com as mudanças provocadas pela Musa Clio e procurando levar-se em conta questões relacionadas a ordem sócio-cultural, o termo Gestão, voltado a educação, foi obrigado a sofrer algumas mudanças conceituais. Lembrando que agora “a concepção de gestão supera a de administração e não a substitui” (LÜCK, 2006, p.39), pois o que é levado em conta são justamente, as limitações que o termo no viés administrativo possui e para que se tenha uma construção de gestão educacional, faz-se necessário superar tais barreiras.

Certo! Penso que estou progredindo no entendimento de uma nova Gestão que abarque para si todas as necessidades que o pensar educativo tem. Por que pensar na dinâmica do sistema de ensino como um organismo vivo, visto de forma holística (como um todo), levando em consideração as especificidades de cada realidade social, caminhando junto à legislação, diretrizes e políticas públicas educacionais e buscando vivenciar, tornando reais os princípios de cidadania, autonomia, cooperação e participação democrática, é conhecer as raízes da Gestão da Educação.

Sendo que é a partir dessa concepção educativa que eu lancei meus questionamentos à Gestão. Lembra que possuo três perguntas? Agora revelarei para você a primeira delas: Qual é o melhor momento para fazer as coisas? Procure responder. Primeiro leve em consideração sua própria vida e depois tente transferir seu pensamento para o nosso objeto de estudo em questão.

Nesse momento contarei com a ajuda de três distintos Gestores que me ajudarão a encontrar as respostas que necessito. O primeiro é o Gestor Ícaro, que ao ser questionado respondeu: - É preciso planejar com antecedência, para saber o melhor momento de fazer as coisas. O segundo é o Gestor Baco e para ele: - Só saberemos quando fazer as coisas se observarmos e prestarmos muita atenção ao nosso redor. Já o terceiro, o Gestor Ares colocou que: - Não podemos prestar atenção em tudo sozinhos. Precisamos de companheiros para nos ajudar a resolver quando fazer as coisas.

As respostas para a primeira pergunta ainda não me foram satisfatórias, parece eu está faltando algo, mas não sei o que. Vamos então para a segunda pergunta: Quem é mais importante? Pense um pouco, quem sabe você consegue me ajudar.

Para o Gestor Ícaro é mais importante quem sabe voar, quem está mais próximo do céu, nas alturas. Quem sabe curar os doentes foi a resposta do Gestor Baco e para o Gestor Ares é mais importante quem faz as leis. Pelo o que pude entender seriam mais importantes: primeiro as pessoas que estivessem em altos cargos, depois os médicos ou os com a capacidade de pacificar conflitos e depois quem elabora as leis? Ai ai... Não estou conseguindo chegar a uma conclusão.

Tá! Qual é a coisa certa a ser feita? Essa é a minha terceira e última pergunta e garanto que você já tem uma resposta, vamos diga! Para o Gestor Ícaro é voar, para o Gestor Baco é divertir-se o tempo todo e o Gestor Ares defende a idéia, que é brigar. E Você concorda com algum? Discorda? Porquê? Me ajude, por favor! Estou perdido.

Eureca! Vou pedir ajuda a um quarto gestor e até já sei quem. A escola Colméia tem chamado muita atenção pelo seu modelo de gestão, é lá que vou encontrar minhas respostas.

- Olá Gestora Sofia! Vim pedir sua ajuda, tenho três perguntas e gostaria que ambas fossem respondidas a luz do entendimento do que é Gestão Educacional e... O que a senhora está fazendo?

- Estou ajudando na decoração da escola para a Copa.

- Posso lhe ajudar? Eu consigo alcançar os suportes para prender as bandeirinhas.

- Claro que pode!

- Puxa! Como ficou bonita a sua escola.

- É, a nossa escola, ficou mesmo muito bonita graças ao trabalho de nossos alunos, professores, funcionários e colaboradores, assim como você.

- Que legal! Mas... O que está acontecendo naquela sala?

- Há, estamos realizando mais uma etapa do nosso projeto de Educação Fiscal.

- Sério! A senhora sabe que eu realizei um trabalho uma vez, sobre toda a história do nosso sistema monetário. Aprendi muito.

- Não quer apresentá-lo para nós?

- Apresentar? Eu? Acho que não. Foi só um trabalho de escola e apresentei uma única vez para a minha turma e nunca mais.

- Então, quem sabe, conte-nos a sua experiência. Como foi realizar esse tipo de trabalho. Venha! Vou lhe apresentar ao grupo.

- O sinal tocou e eu nem percebi que o tempo passou. Muito obrigado Gestora Sofia eu nem imaginava que poderia ser útil para um trabalho como esse. Me envolvi tanto que até esqueci...

- Esqueceu do quê?

- De lhe cobrar as respostas para as minhas três perguntas.

- Ora, creio que você já encontrou a resposta para elas.

- Como assim?

- Vou explicar: Quando você chegou, percebeu que eu estava com dificuldade e me ajudou. Se não tivesse feito isso, não teria conhecido alguns dos projetos que realizamos aqui na escola. Então o melhor momento foi aquele que você me ajudou. Naquele momento a pessoa mais importante fui eu, e a coisa mais certa foi me ajudar. Depois quando você participou do projeto de Educação Fiscal, o momento mais importante foi quando relatou suas experiências. Quem era mais importante era os alunos e professores que lhe ouviram. E a coisa mais certa a fazer foi ajudá-los com a sua participação.

- Lembre-se de que há um só momento mais importante, e esse momento é agora. Quem é mais importante é quem está com você, indistintamente. E a coisa certa a ser feita é procurar melhorar a realidade de quem está com você, mesmo com pequenas ações, como começando preocupar-se em questionar o que é Gestão e a sua aplicabilidade, funcionalidade e entendimento na educação, como você fez.

- Nossa! Gestora Sofia, eu não tinha me dado conta disso. Pois, a lógica da gestão é procurar horizontalizar as relações, seguindo princípios democráticos com o reconhecimento da importância que a participação consciente de todos os integrantes da comunidade escolar tem para o processo de melhoria da Educação, e este visto como um todo. Unindo-se a outras idéias, como nos fala LÜCK (2006, p.49), “idéias globalizantes e dinâmicas em educação, como, por exemplo, o destaque à sua dimensão política e social, ação para transformação, práxis, cidadania, autonomia, pedagogia interdisciplinar, avaliação qualitativa, organização do ensino ...”

Pelo jeito, hoje, acabei aprendendo mais um pouquinho sobre a Gestão da Educação e acredito que isso foi possível, devido o que propõem KOSIK (1976, p.18), “o homem, para conhecer as coisas em si, deve primeiro transformá-las em coisas para si”. E por hoje é só. Até a próxima, tchau!

REFERÊNCIAS

LÜCK, Heloísa. Gestão Educacional: uma questão paradigmática. Petrópolis: Vozes, 2006.

MUTH, Jon J. As Três Perguntas: baseado numa história de Leon Tolstoi. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

domingo, 6 de junho de 2010

QUAL A IMPORTÂNCIA DE LER? (Programa Palavras e Ondas – Central FM)

Se eu conseguisse, como vocês, eruditos,
me apaixonar por uma ciência! Mas eu
desisto! Não me resta nada mais do que
viver com todas as ciências uma vida de
borboleta... Bouterwek, carta a Pfaff.



Cores, desenhos, letras... Letras, letras e letras. Mais alguns números que parecem letras, ou são os letras que se parecem com os números. Puxa! Quanta confusão! Como será que é ler?

Bem eu leio, e leio muito, ta! Todas as revistinhas em quadrinhos e livrinhos que tenho contato. Sei todas as histórias de cor.

Primeiro pedia que contassem para mim, depois, quando terminava a paciência de meus contadores, pegava os livros, olhava suas figuras e seguia (re)contando-as só para mim e minha legião de amigos inseparáveis e invisíveis. Não suportava quando os meus contadores mudavam o enredo das histórias, pulavam partes importantes, assassinavam personagens, só para se livrarem logo desse ofício.

Olhando as ilustrações conseguia imaginar e criar várias aventuras e inúmeras possibilidades de construção de enredos. Você NÃO sabe ler, só fica folheando com os livros. Pare de fazer de conta que está lendo! Não é nada disso que está escrito...

Por essas e outras que eu anseio em desvendar o incrível mundo das letras. Poder ler o que eu quiser, construir minhas próprias histórias, para poder viajar por mundos de fantasia, participar de aventuras, descobrir meus próprios super-poderes e conviver com personagem que vão além de meros amigos imaginários.

Hoje é um dia alegria, vou para a Escola!!! A Tia Chica é minha professora. Sempre aprendemos uma letrinha de maneira bem legal, aos poucos juntando-as surgem as sílabas e com a união destas, eis que formam-se as palavras. Os livros são cheios de palavras, pois são elas que nos contam as histórias, assim como os desenhos.
Toda a semana vamos à Biblioteca da Escola e escolhemos um livro para ler. São tantos. Queria pegar esse e mais aquele que tem o leão na capa e o outro sobre o Trem...

Levamos o livro para casa, com a promessa de cuidar bem dele durante o final de semana e quando chega a segunda, acontecia o famoso sorteio para ver qual colega contaria a história de seu livro. É muito legal!

Depois de um tempo, já na 4ª série, a Profe Gica nos provoca muito. São encenações de clássicos (o meu era a festa no céu), construção de histórias e livretos, que depois encenávamos também. Jamais esqueci o Espantalho Diferente (Eu), que a Rosse escreveu. A Nathi também lembra, pois até hoje damos gostosas gargalhadas nos nossos momentos de saudosismo.

Mas a atividade mais legal, para mim, foi o que a Profe Gica fez como o Livro “O Menino de Asas”, da Coleção Vaga-Lume. Cada dia ela lia um pedaçinho do livro, era muita ansiedade para saber o final. Só que ela não contou de imediato o desfecho para nós. Fez com que escrevêssemos um e só depois contou o final verdadeiro.

Aprendi o quanto é importante a leitura e comecei a tomar gosto por ela. Detesto escrever. Tenho preguiça. Sempre foi um sacrifício para eu ter um caderno em dia. Só tive um, o da Zair – Gestão e Planejamento da Educação, no Curso Normal, logo após o termino do Ensino Médio.

Sempre fui mais de falar, criar ou fazer algo bem diferente, assim bem visual, mas nunca abandonei a leitura, leio de tudo: sempre leio os rótulos dos xampus e alimentos, bulas de medicamentos, jornais e revistas (mesmo velhos), textos da internet, revistas dos x-men, livros sem preconceito.

Ultimamente, devido a cientificidade da academia, tenho lido bastante sobre inúmeros temas, sempre procurando interligá-los, seja sobre Teorias da História, Correntes Filosóficas, Educação Patrimonial, Gestão e Teorias da Educação e por aí vai. Mas ao mesmo tempo leio alguns dos Clássicos da Literatura Brasileira, pois os uso como recurso didático em minhas aulas de História, leio os livros mais vendidos, ou os que aparecem na lista da Veja. Por que não? Leio muitas produções locais. É! Os escritos daqui da “Terra dos Poetas”. Leio os livros da Jane, da Meri, da Mada, da Biblioteca Pública, da ULBRA e a Andressa lê os meus. Compro, peço, presenteio, empresto, troco e até furto livros (mas só os da Jane).

Devemos sempre valorizar e incentivar a leitura, desde a Literatura Infantil nos Anos Iniciais até os pré requisitos para o vestibular, sempre lembrando e respeitando que há momentos certos para a leitura de cada obra. Pois, para mim, a importância de ler está na satisfação pessoal de cada leitor e não no impressionar os não leitores.