sábado, 26 de fevereiro de 2011

CAIO F - que muito amou.




Há 15 anos, no dia 25 de fevereiro de 1996, o criador do “Passo da Guanxuma”, o escritor Caio Fernando Loureiro de Abreu despediu-se do mundo terreno deixando um luminoso rastro, que se faz resplandecer em cada obra sua.

É considerado um dos expoentes da literatura contemporânea. Sua ficção se desenvolveu acima dos convencionalismos de qualquer ordem, evidenciando uma temática própria, juntamente com uma linguagem fora dos padrões considerados “normais”.

Intenso, autêntico e atual. Um amante da palavra, que busca com sua obra obter as emoções do leitor, expor o cotidiano com sua imaginação florida e perfumada. Isso é algo que não tem data de validade, sendo uma das razões de tamanha identificação da juventude atual com sua escrita e fenômeno de popularidade na internet.

Segundo o professor de Letras da UNESP, Arnaldo Franco Júnior, em entrevista ao Jornal Pernambucano (26/02/2011): “o suporte eletrônico permitiu uma divulgação sem precedentes da obra dele”, tornando-o figura cativa nas redes sociais como Orkut, Facebook, Twitter e Blogs.

Já escritora Lygia Fagundes Telles lhe concedeu o título de “Escritor da Paixão”, justamente por conseguir tocar o humano com sua técnica de escrita, recheada de recursos, falando de sentimentos e aspirações de homens e mulheres, das experiências do viver urbano contemporâneo e por ter “a paixão da linguagem e a linguagem da paixão” (TELLES, 1995).

Por todo o Brasil, o dia 25 deste mês, foi marcado por homenagens a memória de Caio F., basta realizar uma rápida pesquisa na internet para constatar a importância que é atribuída à obra desse escritor que brincou com as palavras numa busca prazerosa pela escrita, feita como um trabalho alquímico, vindo a reforçar a idéia que “escrever é abalar o sentido de mundo” (BARTHES, 1987).

Cada vez mais, os palcos se iluminam para receber seus textos, os quais inspiram novas montagens, emocionam recebendo calorosos aplausos de platéias de diferentes sotaques. “Ano após ano, Caio continua a suscitar montagens teatrais. E, quase invariavelmente, o que se vê em cena não são os enredos de sua dramaturgia – que ele mesmo reconhecia como uma parcela menor de sua obra – mas seus contos. Nessas narrativas curtas, textos em que o autor alçou a si mesmo à categoria de personagem, diretores e atores continuam a encontrar matéria-prima para suas encenações”, como argumenta Maria Eugenia de Menezes em matéria do Jornal Estado de São Paulo, caderno Cultura de 25/02/2011.

Aqui em Santiago, a partir da inauguração da Estação do Conhecimento que conta em seu pavimento superior com o Memorial dos Poetas, os painéis do Caio são uns dos mais visitados e fotografados, destacando o que contém a crônica “Raiz do Pampa”. Chama atenção a admiração contagiante de um público cada vez mais cativo e que faz com que o autor tenha recebido, periodicamente, rosas e inúmeros beijos em suas fotos.

Como Caio F. dizia:

“É difícil aprisionar os que têm asas”.


Referências:

Barthes. In: Sobre Racine. Prefácio. Trad. Antonio C. Viana. Porto Alegre. L&PM, 1987. p. 5

JORNAL DIÁRIO PERNAMBUCANO. Para Sempre Caio. (26/02/2011) por Carolina Santos.

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO – Caderno Cultura: No palco, 15 anos sem Caio Fernando Abreu. (25/02/2011) por Maria Eugênia de Menezes.

TELLES, Lygia F. Autor tem o sonho como vocação. In: O Estado de São Paulo. Caderno 2. 09 de dezembro de 1995.