Rodrigo Neres
Valéria Farias
Naquele tempo havia um homem lá. Ele existiu naquele tempo. Se existiu, já não existe. Existiu, logo existe porque sabemos que naquele tempo havia um homem e existirá, enquanto alguém contar sua história.
Agnes Heller (1993, p. 13)blockquote>
Afinal, o que é museu? Um lugar monótono cheio de coisas velhas? Infelizmente, muitos ainda têm essa concepção, cria-se a idéia de que a visita ao museu é algo totalmente distante da realidade em que se vive. Este trabalho visa contribuir para a desmistificação dessa idéia. Não é nosso objetivo estabelecer um conceito único e fechado de museu. Podemos lançar idéias para que cada um crie o seu. Há diversos conceitos de museu, um dos mais recentes é do Departamento de Museus e Centros Culturais (DEMU) – IPHAN/MinC, de 2005:
"O museu é uma instituição com personalidade jurídica própria ou vinculada a outra instituição com personalidade jurídica, aberta ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento...”
O DEMU destaca ainda suas características: o trabalho com o patrimônio cultural; acervos e exposições colocados a serviço da sociedade; uso do patrimônio como recurso educacional; investigação, preservação, interpretação e comunicação dos bens culturais; democratização do acesso, uso e produção de bens culturais; e constituição de espaços democráticos e diversificados.
Podemos dizer ainda que o museu é um laboratório da vida, já que o patrimônio cultural é a referência para o desenvolvimento das ações museológicas (pesquisa, preservação e comunicação). Pode-se dizer que patrimônio é o produto da relação do homem com o meio, podendo ser material, imaterial ou natural. Sua preservação é extremamente importante, pois assim podemos estabelecer uma ponte entre o passado e o presente.
Se ao visitar um museu, um indivíduo tentar estabelecer relações entre o acervo e sua própria época, começará a perceber que muita coisa vai ganhar sentido. Afinal, o que se construiu ontem reflete no hoje. O ser humano necessita saber sua origem, o porquê das coisas. Através do patrimônio, podemos entender os erros passados, procurar não repeti-los, aproveitar os bons feitos. Através dele é possível que o indivíduo tenha maior interação com a realidade em que vive, que seja capaz de interpretá-la; o que faz com que exerça seu papel de cidadão na sociedade.
Sendo assim, fica clara a importância da salvaguarda do patrimônio. É necessário conscientizar a população, através da educação, a qual está muito ligada ao amor. Precisamos despertar este sentimento pelo patrimônio no indivíduo, ensinar a valorizá-lo, mostrar sua importância para a sociedade. Assim, os bens culturais passam a ter um significado na vida do homem, conseqüentemente passarão a ser cuidados e preservados. Desta forma, evitamos a alienação cultural, a falta de memória e de identidade cultural.
Para este trabalho, é de extrema relevância a parceria com as escolas, pois é necessário que desde cedo o indivíduo internalize a importância do patrimônio na sua vida e crie o gosto pela visita a exposições culturais. Os estudantes de hoje são os adultos de amanhã. Para que isto aconteça, é necessário que professores, coordenadores e diretores abracem a causa.
O museu (ensino não-formal) não pode substituir a escola (ensino formal). Cada um possui seu papel, que não deve ser ignorado. O que destacamos é a parceria entre as instituições, importante tanto para a preservação do patrimônio como para o aproveitamento do mesmo na vida dos alunos. Salientamos a importância do museu para o processo de ensino-aprendizagem, acreditando que o mesmo é um lugar vivo e dinâmico, onde a tradição pode ser conhecida, percebia, questionada e reinventada (SANTOS, 2008, p.125)
Referências:
HELLER, Agnes. Uma Teoria da História. Rio de Janeiro : Civ. Brasileira, 1993.
SANTOS, Maria Célia Teixeira Moura.Museu e Educação: Conceitos e Métodos. In: Encontros Museológico – reflexões sobre a museologia, a educação e o museu. Rio de Janeiro : MinC/IPHAN/DEMU, 2008, p. 125 – 146.
Rodrigo é Professor de Educação Infantil e Anos Iniciais, Graduando em História e pós-graduando em História: Cultura, Memória e Patrimônio e Planejamento e Gestão da Educação pela URI- Campus de Santiago. Atualmente é funcionário do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Santiago – Terra dos Poetas. E-mail: rodrigoneres1@gmail.com
Valéria é Museóloga pela Universidade Federal a Bahia e Especialista em História: Cultura, Memória e Patrimônio, pela URI- Campus de Santiago. Atualmente é Professora substituta do curso de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Email: valreab@gmail.com
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