sexta-feira, 23 de outubro de 2009

MUSEU: Conhecer, Construir e Aprender


Rodrigo Neres
Valéria Farias


Naquele tempo havia um homem lá. Ele existiu naquele tempo. Se existiu, já não existe. Existiu, logo existe porque sabemos que naquele tempo havia um homem e existirá, enquanto alguém contar sua história.
Agnes Heller (1993, p. 13)blockquote>


Afinal, o que é museu? Um lugar monótono cheio de coisas velhas? Infelizmente, muitos ainda têm essa concepção, cria-se a idéia de que a visita ao museu é algo totalmente distante da realidade em que se vive. Este trabalho visa contribuir para a desmistificação dessa idéia. Não é nosso objetivo estabelecer um conceito único e fechado de museu. Podemos lançar idéias para que cada um crie o seu. Há diversos conceitos de museu, um dos mais recentes é do Departamento de Museus e Centros Culturais (DEMU) – IPHAN/MinC, de 2005:

"O museu é uma instituição com personalidade jurídica própria ou vinculada a outra instituição com personalidade jurídica, aberta ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento...”

O DEMU destaca ainda suas características: o trabalho com o patrimônio cultural; acervos e exposições colocados a serviço da sociedade; uso do patrimônio como recurso educacional; investigação, preservação, interpretação e comunicação dos bens culturais; democratização do acesso, uso e produção de bens culturais; e constituição de espaços democráticos e diversificados.

Podemos dizer ainda que o museu é um laboratório da vida, já que o patrimônio cultural é a referência para o desenvolvimento das ações museológicas (pesquisa, preservação e comunicação). Pode-se dizer que patrimônio é o produto da relação do homem com o meio, podendo ser material, imaterial ou natural. Sua preservação é extremamente importante, pois assim podemos estabelecer uma ponte entre o passado e o presente.

Se ao visitar um museu, um indivíduo tentar estabelecer relações entre o acervo e sua própria época, começará a perceber que muita coisa vai ganhar sentido. Afinal, o que se construiu ontem reflete no hoje. O ser humano necessita saber sua origem, o porquê das coisas. Através do patrimônio, podemos entender os erros passados, procurar não repeti-los, aproveitar os bons feitos. Através dele é possível que o indivíduo tenha maior interação com a realidade em que vive, que seja capaz de interpretá-la; o que faz com que exerça seu papel de cidadão na sociedade.

Sendo assim, fica clara a importância da salvaguarda do patrimônio. É necessário conscientizar a população, através da educação, a qual está muito ligada ao amor. Precisamos despertar este sentimento pelo patrimônio no indivíduo, ensinar a valorizá-lo, mostrar sua importância para a sociedade. Assim, os bens culturais passam a ter um significado na vida do homem, conseqüentemente passarão a ser cuidados e preservados. Desta forma, evitamos a alienação cultural, a falta de memória e de identidade cultural.

Para este trabalho, é de extrema relevância a parceria com as escolas, pois é necessário que desde cedo o indivíduo internalize a importância do patrimônio na sua vida e crie o gosto pela visita a exposições culturais. Os estudantes de hoje são os adultos de amanhã. Para que isto aconteça, é necessário que professores, coordenadores e diretores abracem a causa.

O museu (ensino não-formal) não pode substituir a escola (ensino formal). Cada um possui seu papel, que não deve ser ignorado. O que destacamos é a parceria entre as instituições, importante tanto para a preservação do patrimônio como para o aproveitamento do mesmo na vida dos alunos. Salientamos a importância do museu para o processo de ensino-aprendizagem, acreditando que o mesmo é um lugar vivo e dinâmico, onde a tradição pode ser conhecida, percebia, questionada e reinventada (SANTOS, 2008, p.125)



Referências:

HELLER, Agnes. Uma Teoria da História. Rio de Janeiro : Civ. Brasileira, 1993.

SANTOS, Maria Célia Teixeira Moura.Museu e Educação: Conceitos e Métodos. In: Encontros Museológico – reflexões sobre a museologia, a educação e o museu. Rio de Janeiro : MinC/IPHAN/DEMU, 2008, p. 125 – 146.

Rodrigo é Professor de Educação Infantil e Anos Iniciais, Graduando em História e pós-graduando em História: Cultura, Memória e Patrimônio e Planejamento e Gestão da Educação pela URI- Campus de Santiago. Atualmente é funcionário do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Santiago – Terra dos Poetas. E-mail: rodrigoneres1@gmail.com

Valéria é Museóloga pela Universidade Federal a Bahia e Especialista em História: Cultura, Memória e Patrimônio, pela URI- Campus de Santiago. Atualmente é Professora substituta do curso de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Email: valreab@gmail.com


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